Projeto (S)Em Retaguarda 2.0

O (S)Em Retaguarda é um projeto de intervenção na área da educação para a saúde dirigido a Cuidadores Informais (CIs) de pessoas em condição de dependência, de forma a melhorar a qualidade de vida dos próprios Cuidadores e consequentemente daqueles de quem cuidam. O projeto desenvolve a sua intervenção em 3 concelhos: Fornos de Algodres, Celorico da Beira e Trancoso.

Tem como principais objetivos atender às necessidades dos Cuidadores Informais (CI);  Diminuir a sua sobrecarga física e mental; planificar e concretizar ações interventivas que promovam a autonomia e melhorem a condição de saúde do Cuidador e melhorar a qualidade dos cuidados à pessoa cuidada;  criar estruturas de apoio social e psicológico; promover o relacionamento interpessoal no contexto familiar e com as redes de apoio externas; promover o envelhecimento Ativo, contribuindo para a autonomia e bem-estar do Cuidador e da Pessoa cuidada, e para a sua manutenção no seu meio natural de vida; melhorar a Qualidade de Vida e combater o isolamento.

Na primeira versão do Projeto destacam-se as seguintes atividades:

  1. Descanso do cuidador informal que propõe duas formas de atuação: a) a estadia do cuidador informal em unidade de alojamento turístico – Hostel e b) para descanso do cuidador informal (a pessoa cuidada pode ser referenciada para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), ser temporariamente encaminhada para uma Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) e beneficiar de Serviço de Apoio Domiciliário (SAD);
  2. Grupos de Ajuda Mútua que providenciam a partilha de experiências e minimizam o isolamento;
  3. Aconselhamento/acompanhamento e orientação individualizado que pretende assegurar o aconselhamento, acompanhamento e orientação no âmbito da ação social, especificamente do apoio burocrático bem como identificação dos seus direitos e deveres;
  4. Grupos Psicoeducativos, que consiste numa equipa multidisciplinar que pretende auxiliar os cuidadores informais a aumentar e desenvolver conhecimentos e competências.

Apesar dos resultados positivos já alcançados, atualmente este projeto passou por uma fase de reestruturação de forma a que as atividades desenvolvidas vão de encontro às reais necessidades dos Cuidadores Informais, surgindo assim o (S)Em Retaguarda 2.0, com início a 1 de setembro de 2025.

Esta nova e melhorada versão do projeto original conta com a intervenção de uma equipa alargada de profissionais multidisciplinares:

  • 1 Assistente Social que está responsável por realizar um acompanhamento/aconselhamento e orientação social especificamente do apoio burocrático bem como identificação dos seus direitos e deveres, destacando-se o Estatuto do Cuidador Informal (ECI) e benefícios sociais. Para além disso auxilia a restante equipa na dinamização das restantes atividades;
  • 1 Enfermeira que está responsável por auxiliar os cuidadores informais em atividades ligadas à área da saúde necessárias para o seu dia-a-dia, destacando-se: esclarecimento de dúvidas relativas à preparação de medicação, risco de quedas, posicionamentos e transferências, nutrição;
  • 1 Psicóloga que está responsável por dinamizar os Grupos Psicoeducativos, facilitar a dinamização dos Grupos de Ajuda Mútua e auxiliar os cuidadores informais a lidar com o processo de luto, nomeadamente com o “Síndrome do ninho vazio” e Vidas Suspensas- (Re) Viver, auxiliando os ex-cuidadores a iniciar um novo projeto de vida;
  • 1 auxiliar pessoal que está responsável por se ocupar das pessoas cuidadas, para que os cuidadores possam ter algum tempo para cuidar de si, realizando atividades que considerem prazerosas, promovendo assim a sua autoestima e o seu autocuidado destacando a sua intervenção na atividade “SOS Mini-break”.

De ressalvar que estamos em processo de recrutamento para 1 terapeuta ocupacional (TO) ou psicomotricista que terá responsável por dotar os cuidadores informais de estratégias que possam contribuir para desenvolver, reeducar ou reabilitar o desempenho físico e/ou psicológico das pessoas cuidadas, de forma a promover a sua independência, necessária para a realização das atividades de vida diária, podendo assim tornar o dia-a-dia dos cuidadores um pouco mais leve.

O (S)Em Retaguarda 2.0 irá ser constituído por 8 atividades, onde as atividades 1, 2, 3 e 4 transitam da versão anterior do projeto, sendo agora melhoradas, e as atividades 5, 6, 7 e 8 emergem no (S)Em Retaguarda 2.0 como resultado das necessidades sentidas no terreno decorrentes do contato com os Cuidadores Informais e entidades parceiras.

As atividades a desenvolver são:

Atividade 1- Descanso do Cuidador Informal

O descanso do cuidador informal tem por objetivo a diminuir a sobrecarga física e emocional do cuidador informal, para que este possa beneficiar de um período de descanso, tendo em conta as necessidades e a vontade da pessoa cuidada e do cuidador. 

Para tal, propomos duas formas de atuação: 

  • Para descanso do cuidador informal (resposta tradicional), a pessoa cuidada pode ser referenciada/encaminhada para a Rede Nacional dos Cuidados Continuados, estrutura residencial para pessoas idosas (ERPI) ou lar residencial ou serviços de apoio domiciliário (SAD).
  • Estadia do cuidador informal, em unidade de alojamento turístico – Hostel e pessoa cuidada em ERPI (resposta inovadora/ integrada), nos casos em que o cuidador informal necessite de descansar mas não se queira afastar da pessoa cuidada, uma vez que existe o estigma do abandono (mesmo que temporário).

Atividade 2- Grupos de Ajuda Mútua

Esta atividade consiste na oportunidade de participação em grupos de ajuda mútua constituídos por pessoas que vivem ou vivenciaram situações e/ou dificuldades similares, possibilitando a partilha de experiências e eventuais soluções, minimizando o isolamento que habitualmente sentem. 

Atividade 3 – Aconselhamento/ acompanhamento e orientação individualizado

O cuidador informal pode recorrer aos técnicos do projeto de forma a assegurar o aconselhamento, o acompanhamento e a orientação, no âmbito do atendimento de ação social e saúde.

Como atividade complementar a esta atividade, pretendemos desenvolver ações de coaching e mentoring.

Atividade 4 – Grupos Psicoeducativos

Os grupos psicoeducativos são uma resposta de apoio, onde uma equipa multidisciplinar auxilia o cuidador com um conjunto de estratégias que lhe permitam cuidar (melhor de si e dos outros) e melhorar a qualidade de vida.

Atividade 5- LUTO- “Ninho vazio”

Com recurso à entrevista, foi possível percecionar junto dos cuidadores informais acompanhados pelo Projeto (S) Em Retaguarda, que existe uma lacuna ao nível do apoio/suporte prestado aos cuidadores antes, durante e após o processo de luto. Desta forma pretendemos atuar através de 2 polos de intervenção:

• Preparação para a morte/perda da pessoa cuidada:

  • Através de reflexões sobre a morte;
  • Dotar os cuidadores informais com um conjunto de estratégias para um luto menos doloroso;
  •  (Re) Viver e aprender a preencher o “Ninho Vazio”
  • Aprender a viver uma nova realidade;
  • Acompanhar os CI´s nas diferentes fases do luto (Negação; Raiva; Negociação; Depressão e Aceitação);
  • Ajudar a lidar com cada uma destas fases;
  • Promover uma escuta ativa junto de um núcleo de amigos e familiares como rede de suporte;
  • Ajudar a compreender a Síndrome do Ninho Vazio.

Este acompanhamento será realizado pela Equipa Multidisciplinar, 1 vez por mês durante 12 meses.

“Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte” – Sigmund Freud

Atividade 6- Vidas Suspensas- (Re) Viver

Nesta atividade procurar-se-á, em função de cada caso, dar uma nova ocupação aos Cuidadores Informais, um novo sentido e vontade de vida. Para tal, irão ser trabalhadas as seguintes dinâmicas:

  • Auxiliar na inserção no mercado de Trabalho;
  • Sessões de partilha de experiências;
  • Criação ou integração de um grupo de ex-cuidadores em grupos de promoção de atividade física.

Atividade 7 – SOS Mini-break 

Pretende-se com esta atividade criar um momento de descanso para o cuidador, durante 1 a 2 h por mês, em que a Assistente Pessoal, ficaria com a pessoa cuidada no domicílio, enquanto o cuidador poderá usufruir desse tempo para por exemplo: ir às compras, ir ao cabeleireiro, passear, ir ao médico, etc..

Atividade 8: Promoção do Autocuidado no Cuidador

Com a azáfama das rotinas, da arte de cuidar 24 sob 24 horas, o Autocuidado cai um pouco no esquecimento dos nossos Cuidadores Informais.

Nesta atividade pretendemos trabalhar cinco temáticas que nos parecem extremamente relevantes, das quais se destacam:

  • Ter hábitos saudáveis de alimentação e sono;
  • Ter momentos de tranquilidade e relaxamento, através da consciencialização respiratória;
  • A importância da autocompaixão;  
  • Praticar atividade física.

Pretende-se assim implementar uma metodologia de trabalho humanizada, de proximidade centrada nos gostos e vontades dos Cuidadores e das pessoas cuidadas, e que possibilite abranger o maior número de Cuidadores Informais possível. Ou seja, pretendemos trabalhar e dotar os cuidadores com temáticas que os mesmos considerem pertinentes no seu dia a dia, de forma a que paulatinamente se consigam inserir cada vez mais em dinâmicas promovidas pela sociedade.

Para tal, é necessário criar medidas que permitam garantir as necessidades psicossociais do cuidador, pois cuidar daqueles que cuidam diariamente é essencial. Algumas dessas medidas passam por motivar os cuidadores informais a investir em momentos de relaxamento, de lazer, momentos que os façam sentir seres únicos não esquecendo as particularidades de cada um, e reconhecendo as suas necessidades e limitações devendo procurar ajuda profissional sempre que necessário.  

O (S)Em Retaguarda 2.0 tem como entidade implementadora a Associação de Promoção Social, Recreativa, Desportiva e Humanitária de Maceira e é desenvolvido com o apoio da iniciativa Portugal Inovação Social 2030 – programa Parcerias para a Inovação Social e conta com a participação da Câmara Municipal de Celorico da Beira, Câmara Municipal de Fornos de Algodres, Câmara Municipal de Trancoso e Farmácia Portugal Lda. como seus principais investidores sociais.